Ligo a TV hoje de manhã e fico sabendo de mais uma morte no inferno que é a Linha Amarela. Uma via cercada de favelas com um grupo rival de cada lado. Quem passa ali a noite é porque realmente precisa. Ainda bem essa via não faz parte do meu trajeto diário.
Mais duas vítimas. Um homem a noite e um PM de manhã, ambos em tentativa de assalto.
Só que o primeiro era um amigo. Acabei entendendo o que é o choque de ver uma pessoa conhecida sendo morta de uma forma tão estúpida.
Conheci o André no meu primeiro estágio no Jornal O Dia. Era capaz de montar e desmontar uma câmera e todas as suas lentes de olhos fechados em poucos segundos. Ele dizia que não tirava fotos, registrava impressões. E é esse mesmo o trabalho dos grandes fotografos. Captar a alma da fotografia, seu verdadeiro sentido. Era capaz de tirar fotos em qualquer lugar e passar desapercebido. Parecia uma sombra
Ele tinha a marca daquelas pessoas que vieram ao mundo com o intuito de fazer a diferença e realmente fez. Eu não quero falar muito, estou triste, revoltado, me sentindo impotente.
Sempre fui contra a pena de morte, mas determinadas situações como essa me fazem ter vontade de que pessoas como as que fizeram aquilo a ele sejam eliminadas. Alguém assim não tem jeito. Vivo vai continuar a matar, preso a gastar dinheiro do estado.
A origem da violência no Rio e no Brasil daria mais que um post, daria um estudo antropológico. E isso já foi feito. Quem assistiu Cidade de Deus entende o porque. Chega, não aguento mais.
O jornal separou algumas fotos do André. Eis alguns trabalhos dele.